Fábio Carvalho em sua quarta mostra em Lisboa, Portugal

Fábio Carvalho participa em dezembro, no Espaço 16 A (rua poeta Milton 16-A - Lisboa) da mostra coletiva Dirty Session, com os artistas Bruno Pereira, Carlos Farinha, Claudia Sampaio, David Rosado, Gilberto Gaspar, Israel Guarda, Paulo Romão Brás, Martim Palma, Tiago Baeta Luis, Jaime Raposo e Karolyn Morovati.


Abertura: 1 de dezembro de 2012, das 17h às 21h.
Fábio Carvalho em mais uma exposição em Lisboa, Portugal
(22/06/2012)

Com curadoria de Israel Guarda, e produção de DROP-D Contemporary, a exposição coletiva Até o Diabo Esfrega o Olho... com 11 artistas portugueses, e apenas Fábio Carvalho de brasileiro, acontecerá na galeria CORRENTE D'ARTE, na av. D. Carlos 109, Lisboa.


A abertura será no dia 30/06, e ficará em cartaz até o dia 30/07. Esta será a segunda exposição coletiva de Fábio Carvalho em Lisboa em menos de 6 meses.

Fábio Carvalho, o artista brasileiro que conquistou Portugal

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publicado originalmente em DROPS Magazine


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Encantar-se por um trabalho artístico não é mérito somente de marchands e colecionadores. Quando conheci Fábio Carvalho _por meio de postagens do galerista Renato de Cara em seu Facebook_ foi amor à primeira obra. O artista carioca trabalhava na época a série “Macho Toys”, uma profusão de decalques delicados sobre fotos de soldados e flores aplicadas em caminhões tanque de plástico, que tinha como finalidade refletir sobre as expectativas de gênero, misturando a bravura e altivez dos homens a elementos tipicamente femininos. Para um ser piegas como eu, ver a guerra romantizada de Fábio foi como bálsamo, o que me fez acreditar que da desgraça é possível, sim, absorver beleza.

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Tendo já realizado 9 individuais e integrado mais de 80 exposições coletivas, Fábio Carvalho já teve mostras em Nova York, Berlim e Londres, além de ter participado das Residências Artísticas “Bordallianos Brasileiros”, em Portugal, onde o artista reside novamente esse mês de abril, apresentando uma série de bordados que estão conquistando o Porto. Em carta exclusiva à Drops, ele relata seu trabalho e sua fantástica conquista. Confira abaixo os melhores trechos.

Porto, 18 de abril de 2012.“Para o meu projeto de residência artística no Maus Hábitos (Porto, Portugal), pretendo incorporar, na pesquisa corrente do meu trabalho, elementos típicos dos labores ditos femininos, ainda presentes na cultura lusitana, em particular aquele que é bem pouco conhecido pelos brasileiros: os lenços de namorados que são uma forte tradição da cultura popular portuguesa e eram bordados pelas mulheres e oferecidos ao namorado, noivo ou marido que partia para uma terra distante em busca de melhores condições de vida, na maioria das vezes para o Brasil. Estes eram bordados com uma quadra de autoria da própria mulher, com ilustrações que simbolizavam paixão, amor, fidelidade, sempre em cores fortes e traços ingênuos, como se fosse uma carta que o homem levava sempre consigo no bolso para se lembrar da amada que ficou longe.

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O interesse em incorporar elementos lusitanos em minha produção artística se deu quando estive ano passado em Portugal, a convite da Fábrica de Faianças Artísticas Bordallo Pinheiro, para participar do projeto de residência artística “Bordallianos Brasileiros”, do qual participaram também 18 outros artistas brasileiros, entre eles Tunga, Efrain Almeida e Vik Muniz. Na ocasião, por conta deste projeto, passei um mês em Portugal, numa verdadeira imersão em sua cultura, hábitos e sua gente. Eu já mantinha relações artísticas e de amizade com artistas portugueses, tendo já participado de exposições no Porto, em Lisboa, e também na Bienal de Cerveira. Mas esta experiência na Bordallo Pinheiro, mais o tempo que dediquei a conhecer outras localidades portuguesas, fizeram com que eu verdadeiramente me enamorasse definitivamente por Portugal e pelos portugueses.


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Foi ao me dar conta do quanto já havia em mim de português, mesmo sem o saber, ao sentir que eu espontânea e naturalmente me relacionava e me identificava com o modo de ser do português, que se tornou uma necessidade voltar a este país para investigar mais a fundo esta afinidade; chego a dizer que em Portugal pude ser mais verdadeiramente eu mesmo do que sempre pude no Brasil. Para poder colocar em prática este meu projeto de residência artística, mesmo antes de partir para Portugal, fui estudar e aprender as técnicas do bordado português, e quais seriam as melhores formas de incorporá-los em meus trabalhos. Anteriormente eu já vinha incorporando apliques e bordados industriais em meus trabalhos, como um dos elementos ditos ‘femininos’ em contraste com as imagens de virilidade, poder e força masculina, contraste este que é o assunto central de minha produção atual. Mas já em finais de 2011 comecei a bordar à mão em meus trabalhos sobre tecido, o que agora estou aprimorando aqui em Portugal”.

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Como quem transforma o que vê e sente em bordado, e faz da linha sua aliada, Fábio Carvalho é o Leonilson da nova geração, menos infantil, mas politizado e conhecedor dos devaneios humanos. Sua obra transpassa a barreira do lirismo e fica na linha tênue entre a virilidade e a delicadeza. Para os colecionadores, uma grande oportunidade de aquisição. Para os admiradores de beleza e encantamento, a certeza de que Portugal e Brasil serão pequenos para esse homem de educação e sensibilidade ímpares.

por Daniel Amaral
fotos: acervo pessoal do artista.

Fábio Carvalho na revista de luxo portuguesa "FEEL IT"

Participação de Fábio Carvalho no projeto "Bordalianos Brasileiros" foi destaque na revista de luxo portuguesa "FEEL IT"

Na edição de abril/2012 da revista de luxo portuguesa “FEEL IT”, a participação de Fábio Carvalho na residência artística “Bordallianos Brasileiros”, na Fábrica de Faianças Artísticas Bordallo Pinheiro, junto com mais 17 artistas brasileiros (Saint Clair Cemin, Barrão, Tunga, Regina Silveira, Vik Muniz, entre outros), é um dos destaques da matéria sobre o projeto, que foi criado em 2011 com o objetivo de internacionalizar a marca Bordallo Pinheiro.



Fábio Carvalho segue para mais uma residência artística em Portugal

Depois de participar em 2011 de dois importantes projetos de residência artista em Portugal (“Bordallianos Brasileiros”, na Fábrica de Faianças Artísticas Bordallo Pinheiro, e “Projecto Artistas Contemporâneos”, na Fábrica de Porcelana Vista Alegre), Fábio Carvalho parte agora novamente para Portugal, onde durante todo o mês de abril fará mais uma residência artística na cidade do Porto, no “Espaço de Intervenção Cultural Maus Hábitos”.


Fábio Carvalho já mantinha relações artísticas e de amizade com artistas portugueses, tendo já participado de várias exposições em Portugal nas cidades do Porto, Lisboa, e também na Bienal de Cerveira. No início de março, Fábio Carvalho abriu a exposição “Afinidades (a escolha do artista)” na galeria Caza Arte Contemporânea, da qual foi o curador, onde criou relações entre os trabalhos de cinco artistas brasileiros com a produção de quatro artistas portugueses.


Em 2013, Fábio Carvalho retornará uma vez mais a Portugal, para o lançamento da coleção “Bordallianos Brasileiros”, junto com mais 19 artistas brasileiros (Saint Clair Cemin, Barrão, Tunga, Regina Silveira, Vik Muniz, entre outros), para uma nova exposição coletiva em Lisboa, e para uma nova residência artística na Fábrica de Porcelana Vista Alegre.

Obra de Fábio Carvalho inaugurou nova seção de arte na revista "G"

Obra de Fábio Carvalho inaugurou nova seção de arte na revista "G" 

A revista G, depois de 14 anos de atividade, foi totalmente reformulada pelo editor-chefe Marcell Figueiras e pelo editor de arte Thiago Batista. Nesta reformulação, a revista ganhou uma seção dedicada à arte contemporânea brasileira. Inaugurando a nova seção, foi selecionado a obra "Dos que partem, aos que ficam – nº 43".

Fábio Carvalho abre exposição com resultado de sua primeira curadoria

A exposição Afinidades (a escolha do artista) partiu de um convite de Raimundo Rodriguez, diretor da galeria Caza Arte Contemporânea, ao artista plástico carioca Fábio Carvalho, para que este organizasse um projeto de ocupação da galeria com seus próprios trabalhos, e de artistas convidados.


Fábio Carvalho, sem necessariamente pensar em seu projeto como uma curadoria, no sentido de eleger um eixo conceitual que antecedesse a escolha dos artistas e dos trabalhos, preferiu fazer suas escolhas a partir de suas afinidades com os artistas, que aí então foram convidados para a exposição.



Talvez contagiado pelo espírito da galeria Caza Arte Contemporânea, que tem muito de uma verdadeira casa, onde o anfitrião Raimundo Rodriguez sempre recebe os artistas, suas obras e os visitantes das exposições como quem recebe os amigos em sua própria casa, Fábio Carvalho pensou a exposição como uma celebração aos amigos, ao prazer de estar junto. Os trabalhos se relacionam como num bate-papo descontraído entre amigos.

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Porém, apesar desta eleição afetiva dos artistas convidados, percebe-se um (dentre tantos outros possíveis) eixo comum nas obras selecionadas: a delicadeza, em várias formas e sentidos. Por vezes, a delicadeza é o próprio assunto do trabalho; em outras obras, a delicadeza é o anti-assunto do trabalho; elementos de delicadeza estão lá, mas num forte contraste, ou mesmo num enfrentamento, com a brutalidade, o que constrói a narrativa paradoxal apresentada. Há trabalhos em que a fatura é intensa e expressiva, mas a situação representada nos leva á percepção de intimidade e delicadeza. Há trabalhos onde a delicadeza se apresenta de imediato, mas com um pouco mais de observação, pressente-se que algo de muito errado está oculto, quase por acontecer.



Este fio condutor surgiu de uma forma espontânea, natural, uma vez que não apenas em relação aos artistas, Fábio Carvalho também escolheu as obras de cada artista em função de suas afinidades, como artista e como indivíduo, com estas obras e o que estas lhe dizem.

sobre Macho Toys

por Fábio Carvalho
fevereiro/2012

A série Macho Toys surgiu como uma reflexão a respeito dos elementos que constituem os estereótipos de gênero e sexualidade, em particular nas culturas ocidentais machistas, como por exemplo os brinquedos que são presenteados às crianças, e as brincadeiras encorajadas e permitidas para cada sexo: bolas, carros, armas, soldados e brincadeiras mais ativas e de força para meninos; bonecas, jogos de chá, jantar e panelas em miniatura, e outras atividades delicadas para meninas, que reproduzem o universo doméstico, entendidas culturalmente como femininas. Esta divisão em dois mundos distintos, mesmo não intencionalmente, é usada para direcionar e demarcar a futura personalidade das crianças. A vivência da infância, através da socialização por meio das brincadeiras, permite que as crianças se construam como ‘pequenos homens’ e ‘pequenas mulheres’.

A série Macho Toys começou com trabalhos baseados em montagens fotográficas (fotos de catálogos de brinquedos de guerra para meninos) e depois seguiu para os objetos, os brinquedos para meninos propriamente ditos, nos quais foram aplicadas flores de plástico e peças de porcelana.

Depois de explorar o universo dos brinquedos, ou seja, o universo da infância, a série Macho Toys seguiu para o mundo adulto, onde os estereótipos de virilidade estão já bem consolidados: o soldado, o halterofilista, o operário e o executivo bem-sucedido.

Neste momento, surgiram os trabalhos que usam como base do processo propagandas antigas de teor masculino tradicionalista, e também fotos de soldados da I Guerra Mundial, sobre as quais foram aplicados decalques florais e douração com transfer ouro. Neste período há também trabalhos que fundem fotos de soldados ou policiais em situações de conflito militar atuais com antigas pinturas de naturezas mortas. Começa também a produção de gravuras digitais, onde sobre fotos de soldados ou de armas de combate são realizadas grandes colagens (não na questão da dimensão, mas sim da grande quantidade, no acúmulo de elementos florais numa única gravura que beira o absurdo).

Pelo final de 2011, após a redescoberta de um jogo de cama infantil antigo que ficou guardado em casa, começam os trabalhos sobre tecido, nos quais, ao invés de decalques, são usados apliques bordados industriais, bem como pérolas e cristais pregados ao tecido.

Após uma residência artística em Portugal no final de 2011, que levou ao contato com o rico universo do bordado tradicional português, surgem os primeiros trabalhos em tecido com bordados feitos à mão pelo próprio artista. Para o aprofundamento da pesquisa com bordados, em abril/2012 é feita uma segunda residência artística em Portugal, onde surgem os trabalhos baseados nos Lenços de Namorados.

A série Macho Toys opera na superposição e no conflito entre os estereótipos de masculinidade, e elementos atribuídos tradicionalmente ao feminino, em particular os decalques florais decorativos, a louça de porcelana, os scrapbooks vitorianos e a decoupage, o bordado.



The Macho Toys series emerged as a reflection on the elements that make up the stereotypes of gender and sexuality, particularly in sexist western cultures, such as toys that children are gifted with, and encouraged and allowed to play: balls, cars, guns, soldiers and more active and strength activities for boys; dolls, tea sets, dinner and miniature pots, and other delicate and sensitive activities for girls, particularly those that mimic the homebound culturally accepted as feminine.

This division into two distinct worlds, even when unintentionally, is used to direct and determining the future personality of children. The experience of childhood, through the socialization conducted by playing, allows children to build themselves as 'little men' and 'little women'.

After exploring the world of toys, and childhood, the Macho Toys series went on to the adult world, where stereotypes of virility, the subject of the art works, are already well established: the soldier, the bodybuilder, the hard labor worker and the successful businessman.

The Macho Toys series operates in the overlap and conflict between the stereotypes of masculinity, and elements traditionally attributed to the female territory, particularly the decorative floral patterns of porcelain, Victorian scrapbooks and decoupage.

The “Macho Toys” pieces are primarily photo montages, collages, embroidery and objects. Porcelain floral decoration, floral decals, fake plastic flowers, and all sort of feminine traditional patterns were applied on plastic toys, photos, adds, magazine’s covers, etc., of soldiers and/or war machines, strong and athletic men and body builders, powerful and wealthy men, like businessmen, cowboys, construction workers, etc.